BIS sugere pontuação a bitcoins com base em histórico de transações
O BIS, conhecido como o “Banco Central dos Bancos Centrais”, divulgou um documento que chama a atenção para o combate à lavagem de dinheiro, especialmente no mundo das criptomoedas. Com oito páginas, esse documento propõe ideias que podem impactar tanto usuários quanto empresas do setor.
Uma das propostas mais intrigantes é a criação de uma espécie de “pontuação” para criptomoedas como o Bitcoin. Essa pontuação seria baseada no histórico das moedas. Ela variaria de 0 a 100, onde uma pontuação mais baixa indicaria maior risco de rejeição. Isso significaria que, quanto menor a pontuação, mais difícil seria para essas criptomoedas serem aceitas por empresas e investidores. Para entender melhor, pense que, assim como em um jogo, onde uma pontuação baixa pode significar que você não é um bom jogador, aqui a pontuação ruim poderia bloquear transações.
O BIS sugere que essa pontuação ajudaria a controlar a movimentação de moedas suspeitas, usando referências definidas pelas autoridades. Segundo o banco, corretoras e emissores de stablecoins poderiam adotar certos requisitos mínimos de pontuação para permitir a conversão de criptomoedas em dinheiro. Isso tornaria mais difícil, por exemplo, a entrada de recursos provenientes de atividades ilícitas no sistema financeiro.
A Avaliação do Bitcoin e das Stablecoins
De acordo com o BIS, identificar potenciais problemas nas transações de Bitcoin é mais simples graças à sua estrutura, conhecida como modelo UTXO. Por outro lado, para as stablecoins, que costumam ter seus fundos misturados, o desafio aumenta. O BIS menciona que a análise poderia seguir o modelo utilizado pelos Estados Unidos em 2022, quando investigaram endereços relacionados ao Tornado Cash, um serviço que facilitava a ocultação de transações.
A centralização das stablecoins traz um ponto interessante. O emissor dessas moedas tem o poder de congelar ativos em uma carteira ou proibir conversões para moeda fiduciária. Isso gera uma preocupação, pois se essas moedas forem identificadas como “contaminadas”, os usuários poderão enfrentar grandes dificuldades.
Verificações para Usuários Finais
A proposta do BIS não se limita apenas às empresas. Ela sugere que todos os usuários, também conhecidos como “usuários finais”, realizem verificações antes de aceitarem qualquer criptomoeda. Essa abordagem busca criar um ambiente mais seguro, deixando claro que quem opera com criptomoedas deve ser diligente e cuidadoso.
A ideia é que transações só sejam aceitas se as criptomoedas tiverem passado por endereços que cumpram com as normas de Know Your Customer (KYC), como já acontece nas instituições financeiras atuais. Isso significa que qualquer pessoa que usar uma carteira de autocustódia poderá ter que passar por esse tipo de verificação.
O BIS enfatiza que, mesmo que alguns usuários aleguem ter recebido uma moeda contaminada de boa-fé, se houver ferramentas amplas de conformidade disponíveis, essa defesa pode não ser convincente. Assim, todos os usuários teriam a responsabilidade de verificar a origem dos tokens.
Impactos nas Stablecoins
Por fim, a proposta revela que diferenciar stablecoins com base em suas origens vai muito além de uma simples mudança de rotina no mercado. Isso pode afetar diretamente o valor das moedas. As stablecoins que passarem por carteiras consideradas “suspeitas” poderiam ser negociadas com um preço muito mais baixo do que aquelas com histórico limpo. Essa mudança pode impactar diretamente na fungibilidade — a capacidade de uma moeda ser trocada por outra sem distinção.
Ao mesmo tempo, é inegável que o objetivo de combater crimes é válido. No entanto, essa abordagem rigorosa promete trazer desafios, especialmente para investidores e pequenos empresários que operam em um cenário já complicado por questões de segurança e investigações. A proposta do BIS reflete a necessidade de um equilíbrio entre segurança e usabilidade no espaço das criptomoedas.